Primeiro lugar de escola pública em medicina na UFPE estudava quinze horas por dia e tinha bolsa em cursinho


José Gustavo Araújo é sócio morador da CEP e veio da cidade de Tabira
para estudar em Recife

 

Filho de uma dona de casa e de um vendedor de loja de construção, o estudante José Gustavo Araújo, 21 anos, conquistou o primeiro lugar entre alunos de escola pública no curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“Meus pais não tiveram oportunidade de estudar e sempre me diziam para estudar” conta o estudante sobre o incentivo dos pais. A maratona de dedicação para realizar o sonho de passar em medicina foi puxada. “Fiz uma rotina de estudos das 7h da manhã às 10h da noite todos os dias” explica o estudante.

José Gustavo é da cidade de Tabira, no sertão pernambucano, e estudou do maternal ao ensino médio na Escola Estadual Pedro Pires Ferreira. Ele foi estimulado pelo irmão mais velho, que é formado em engenharia, a deixar a terra natal para estudar em Recife e fazer o vestibular de medicina.

Para morar na capital José Gustavo decidiu fazer o Processo Seletivo para ingresso na Casa do Estudante de Pernambuco em 2017, sendo aprovado e passando a receber a assistência da instituição a partir de 2018.

Faltava garantir vaga nos cursinhos que os pais não tinham condição de pagar. “Eu já fui orientado pelos meus amigos (que já moravam na capital) a pedir desconto e bolsa nos cursinhos. Consegui bolsa nos melhores cursinhos do Recife” conta José Gustavo.

Ao iniciar os estudos nos cursinhos de Recife, o estudante percebeu que sua base era insuficiente e que precisava se dedicar muito para chegar ao nível exigido para o ingresso em medicina.

“Chorava para aprender. Meus amigos de Tabira, que já estudavam no Recife, sabiam tudo. Química eu não sabia de nada, nem física. Tinha noção de matemática” explica José Gustavo.

Nem mesmo a pandemia desestimulou o estudante que decidiu ficar na Casa do Estudante de Pernambuco em vez de voltar para o interior na maior parte de 2020. “Percebi que ficando aqui na CEP e com as salas de estudo eu ficava mais focado” conta José Gustavo. “A Casa foi tudo para eu chegar onde cheguei. Só tenho a agradecer” reconhece o estudante.